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Vereador Flavinho (PL) recebe Carlos Bolsonaro em Blumenau

Nesta sexta-feira (19), o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez uma visita discreta à cidade de Blumenau, onde foi recebido pelo vereador blumenauense Flávio Linhares, o Flavinho (PL). A agenda, divulgada apenas após o encontro, reforçou pautas conservadoras como a defesa da liberdade, da família e de valores tradicionais, temas que mobilizam a base direitista no estado. Segundo a assessoria de Flavinho, o encontro simboliza a união da direita em torno de causas nacionais, especialmente em Santa Catarina, onde o bolsonarismo tem raízes fortes – o ex-presidente obteve uma das maiores votações proporcionais do país nas eleições de 2022.

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No entanto, por trás da retórica de unidade, paira o espectro da ambição eleitoral de Carlos Bolsonaro. O vereador carioca planeja se candidatar ao Senado por Santa Catarina em 2026, uma movimentação que tem gerado controvérsias mesmo dentro da própria direita. Apesar de sua pouca atuação na Câmara Municipal do Rio e de nunca ter demonstrado laços profundos com o estado catarinense antes desse projeto, Carlos parece apostar no capital político herdado do pai. Jair Bolsonaro conquistou 69,27% dos votos válidos no segundo turno de 2022 em Santa Catarina, o maior percentual entre todos os estados, o que torna o território atraente para herdeiros políticos.

Mas a direita catarinense precisa fazer uma reflexão: precisa de lideranças autênticas e enraizadas, não de candidaturas parachutadas que priorizem sobrenomes sobre substância. Carlos Bolsonaro, embora alinhado ideologicamente, carece de histórico de engajamento local. Ele nunca realizou visitas políticas significativas em território catarinense antes de vislumbrar a vaga no Senado, e sua presença recente – incluindo atos em cidades como Florianópolis e Joinville – parece mais uma tentativa de construção acelerada de imagem do que um compromisso genuíno. A divulgação recente de uma pesquisa, até mostra Carlos liderando intenções de voto à frente de nomes locais como a deputada Caroline de Toni (PL). Mas liderança em sondagens não garante legitimidade; ela pode mascarar o risco de fragmentação da direita.

A candidatura de Carlos pode até não ser inédita no sentido de migração política – inclusive a Constituição permite que candidatos mudem domicílio eleitoral para disputar vagas em outros estados –, mas representa um precedente perigoso para Santa Catarina. O estado já conta com uma safra robusta de conservadores experientes, como Gilson Marques (NOVO), Carol de Toni (PL), Júlia Zanatta (PL), João Rodrigues (PSD), Esperidião Amin (PP), entre outros nomes importantes como o de Raimundo Colombo (PSD) e Paulinho Bornhausen (PSD). Inserir um outsider como Carlos em uma chapa majoritária poderia desbancar esses nomes, enfraquecendo a representação local e abrindo brechas para a esquerda avançar. Em um cenário onde a direita catarinense é dominante, dividir votos entre bolsonaristas radicais e conservadores moderados seria um erro estratégico, potencialmente beneficiando opositores e ser um desfavor ao Estado.

Além disso, apoiadores dessa candidatura correm o risco de se tornarem reféns de uma dinâmica familiar, em vez de defensores autênticos do bolsonarismo. O próprio Flavinho, que aspira a cargos maiores no futuro – possivelmente no Executivo municipal ou estadual –, deveria refletir sobre isso. Se ele fosse desbancado por um forasteiro em uma “onda política”, certamente questionaria a justiça do processo. Políticos de direita devem priorizar a meritocracia e o enraizamento regional, não o culto à personalidade. Líderes do PL, como o presidente nacional Valdemar Costa Neto, já consideram alternativas para Carlos em estados como Espírito Santo ou Roraima, o que sugere que o impasse em Santa Catarina é real e crescente.

Em resumo, a visita de Carlos a Blumenau é um lembrete de que a direita precisa equilibrar lealdade ideológica com pragmatismo eleitoral. Enquanto o bolsonarismo continua vital para combater avanços esquerdistas, candidaturas como essa podem diluir sua força em redutos como Santa Catarina. Para 2026, o estado merece senadores que conheçam suas demandas – da agroindústria ao turismo conservador – e não apenas explorem o legado de um sobrenome. A união da direita deve ser construída sobre bases sólidas, não sobre oportunismos que, no fim, podem se revelar um suicídio político coletivo. Apoiar a candidatura de um vereador carioca ao Senado por Santa Catarina é de fato trair a confiança dos catarinenses.

Foto: Divulgação / Flavio Soares

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