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Estratégias perdem espaço nas agências e como se posicionam em relação as mudanças

A Warc publicou, em 6 de outubro de 2025, o relatório The Future of Strategy 2025, trazendo um panorama detalhado sobre o papel da estratégia no mercado global de marketing. A pesquisa, que entrevistou mais de mil estrategistas, em sua maioria líderes de agências, aponta que o setor atravessa um ponto de inflexão. Cerca de 80% dos profissionais acreditam que é urgente adaptar as estratégias para manter sua relevância, enquanto 62% afirmam que o planejamento estratégico é frequentemente tratado como descartável diante de restrições orçamentárias.

O relatório destaca um paradoxo: embora a demanda dos clientes por serviços estratégicos permaneça elevada, muitas agências veem a estratégia como algo opcional. Esse cenário é agravado pela falta de perspectiva de crescimento imediato no setor. Apenas 30% dos entrevistados esperam um aumento nas equipes de estratégia nos próximos 12 meses, e 24% dos estrategistas seniores preveem que sua próxima movimentação profissional será para uma consultoria, sinalizando uma migração de talentos.

Tom Morton, fundador da consultoria Narratory Capital, resume a contradição: “A estrutura econômica que sustenta a estratégia está se desfazendo, o que é curioso, já que a demanda por ela continua tão alta como nunca.”

A inteligência artificial (IA) também está transformando o campo estratégico, mas gera incertezas. Enquanto 46% dos estrategistas discordam que a IA desvalorizará seu trabalho no futuro, 37% acreditam que a tecnologia pode desenvolver a capacidade de realizar saltos estratégicos, uma habilidade considerada central no marketing.

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As aplicações da IA estão em alta, especialmente em tarefas que consomem tempo. A análise da concorrência é delegada à tecnologia por 66% dos profissionais, seguida pela aceleração de briefings (51%) e pela obtenção de insights culturais mais rápidos (42%). O uso de ferramentas de IA é percebido por 76% dos líderes de agências, com maior intensidade na América do Norte (85%), Ásia (74%) e Europa (69%).

No entanto, a IA enfrenta limitações significativas. Seis em cada dez entrevistados apontam a falta de originalidade, a ausência de nuances culturais e a baixa ressonância emocional como fraquezas da tecnologia. Esses desafios reforçam a necessidade de um equilíbrio entre automação e criatividade humana.

Tomas Gonsorcik, diretor global de estratégia da BBH, defende uma mudança de perspectiva: “Precisamos reposicionar a estratégia — não como uma função de bastidores, nem como um luxo, mas como um serviço claro, responsável e indispensável. A estratégia deve operar como um serviço autônomo dentro da agência.”

O relatório da Warc sugere que, para sobreviver, o setor precisa redefinir o valor da estratégia no marketing, alinhando-a às expectativas dos clientes e às possibilidades da tecnologia, sem perder de vista a essência criativa e cultural que a torna insubstituível.

Foto: Divulgação / Meio e Mensagem

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