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“No posto de saúde não corria água, corria sangue…”, diz prefeito de Rio Bonito do Iguaçu

O município de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, viveu a pior tragédia climática da história do Estado após a passagem de um tornado com ventos que chegaram a 250 km/h na noite de sexta-feira (7). O fenômeno, confirmado pela Defesa Civil, deixou um cenário de devastação total, com casas destruídas, prédios públicos arrasados e plantações inteiras dizimadas.

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O prefeito Sezar Augusto Bovino (PSD), emocionado, descreveu o desespero e a dor vividos pela população. “Eu vim a minha cidade para construir casa popular, não para construir casa de lona. No corredor do posto de saúde não corria água, corria sangue. Isso ficará marcado para o resto da minha vida”, disse aos prantos ao relatar a atual situação do local.

Segundo a Defesa Civil, 90% do município foi atingido, e até o momento há seis mortes confirmadas — sendo cinco na cidade —, além de centenas de feridos. O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) visitou o município neste sábado (8), acompanhado de secretários de Estado e equipes técnicas, e decretou Estado de Calamidade Pública.

“Estamos organizando alojamentos, alimentação e assistência para todas as famílias. O Estado não deixará ninguém desamparado”, afirmou Ratinho Junior, destacando que o decreto permite ações emergenciais, como liberação de recursos imediatos, dispensa de licitações e pedido de apoio federal.

“Estamos organizando alojamentos, alimentação e assistência para todas as famílias. O Estado não deixará ninguém desamparado”, afirmou Ratinho Junior, destacando que o decreto permite ações emergenciais, como liberação de recursos imediatos, dispensa de licitações e pedido de apoio federal.

Cidade devastada e ações de emergência

A Defesa Civil do Paraná enviou 2.600 telhas, 1.200 cestas básicas, 565 colchões, 270 kits de higiene, 204 kits de limpeza, 150 kits dormitório e 54 bobinas de lona.
A cidade vizinha de Laranjeiras do Sul abriga parte dos desabrigados, e equipes de várias regiões — incluindo Francisco Beltrão, Cascavel e Guarapuava — foram deslocadas para auxiliar nos trabalhos de resgate e reconstrução.

O secretário das Cidades, Guto Silva, descreveu o cenário comouma verdadeira engenharia de guerra. “Agora começa o processo de reconstrução das casas. As equipes estão mobilizadas para atender os feridos, garantir abrigo e recuperar a infraestrutura básica”, afirmou.

O governador também anunciou parceria com o CREA-PR, que fará análise estrutural das residências para identificar quais poderão ser reformadas e quais precisarão ser reconstruídas.

Atendimentos de saúde e estrutura hospitalar

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 437 pessoas foram atendidas nos serviços de saúde da região desde a tragédia.
Em Laranjeiras do Sul, duas unidades hospitalares, uma unidade de saúde e uma faculdade foram adaptadas para receber feridos.
Somente em um dos hospitais, 216 atendimentos foram realizados, 51 pacientes transferidos, três passaram por cirurgia ortopédica e dois seguem em estado grave na UTI.

O Cemepar enviou 1.000 unidades de soro 500 ml e 1.000 unidades de ringer, enquanto a Sesa mobilizou 10 mil unidades de insumos hospitalares, incluindo seringas, ataduras e compressas.

Mais de 100 profissionais de saúde e voluntários participam dos atendimentos.

Educação e rodovias afetadas

A Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) suspendeu o Enem 2025 em Rio Bonito do Iguaçu, em razão dos danos nas escolas.
Os Colégios Estaduais Ludovica Safraider e Ireno Alves foram seriamente danificados e passam por vistoria do Fundepar. Todos os estudantes afetados terão direito à reaplicação da prova, conforme protocolo do Inep.

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR) trabalha para restabelecer o tráfego nas rodovias afetadas.
A PRC-158, que havia sido bloqueada, já foi liberada, assim como a PRC-466, em Guarapuava.
Na PR-170, a limpeza deve levar cerca de 10 dias devido à intensidade dos estragos.

Reconstrução e solidariedade

Além do apoio estadual, diversos prefeitos e voluntários de cidades vizinhas enviaram máquinas, caminhões e retroescavadeiras para ajudar na limpeza.
O governo estadual prepara linhas de crédito e convênios emergenciais para reconstrução das moradias e recuperação dos setores produtivos.

“A cidade está praticamente destruída. Vamos precisar reconstruir tudo, mas temos fé e união”, disse o prefeito Bovino.

Foto: Jonathan Campos / AEN

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