Denúncia! Empresas ligadas à Operação Carga Oca podem estar envolvidas em outro esquema
Novas informações obtidas com exclusividade pelo Mesorregional aprofundam as suspeitas investigadas na Operação Carga Oca, que apura possíveis fraudes milionárias em contratos públicos envolvendo inclusive serviços de hora-máquina e fornecimento de macadame em municípios do Médio Vale do Itajaí.
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De acordo com denúncia recebida pela reportagem, pelo menos três empresas já investigadas pertenceriam ao mesmo proprietário e atuariam de forma integrada em contratos firmados com prefeituras e autarquias como Seurb e Samae de Blumenau, além de pelo menos outras três cidades da região e com contratos ativos.
O esquema denunciado envolveria a utilização simultânea de um mesmo equipamento em contratos distintos, prática conhecida como duplicidade de medição. Segundo o relato, a comparação das placas dos caminhões e máquinas utilizadas em diferentes municípios revelaria conflitos evidentes, com os mesmos veículos sendo medidos em locais diferentes no mesmo período, algo tecnicamente impossível.
Outro ponto central da denúncia diz respeito ao uso seletivo de rastreadores. Em municípios onde o rastreamento é exigido contratualmente, os veículos registrariam, em média, cerca de 160 horas mensais de trabalho. Já em cidades onde não há essa exigência, os mesmos caminhões chegariam a registrar até 240 horas no mesmo mês, levantando fortes indícios de superfaturamento.
Ainda conforme o denunciante (que será mantido sob sigilo absoluto pelo Mesorregional), haveria um rodízio proposital de rastreadores, com os dispositivos sendo retirados de alguns equipamentos e instalados em outros, permitindo que as medições fossem direcionadas apenas às placas de interesse das empresas, enquanto veículos sem rastreamento “trabalhariam” muito além do razoável.
As denúncias também envolvem o fornecimento de macadame, material utilizado na manutenção de vias. Durante a gestão de um ex-secretário atualmente investigado, os contratos teriam gerado cobranças mensais de até R$ 1,5 milhão. Após a troca no comando da secretaria e a implementação de exigência de pesagem e comprovação efetiva de entrega, os valores teriam despencado para cerca de R$ 200 mil por mês, reforçando a suspeita de que grande parte do material não era entregue.
Há ainda indícios de que o macadame poderia ter sido desviado de uma prefeitura vizinha a Blumenau, sendo utilizado em contratos da cidade sem a devida origem legal, o que ampliaria o alcance das possíveis irregularidades para além de um único município.
As denúncias citam também erros graves e possivelmente propositais nas medições de serviços de manutenção em escolas da rede pública de Blumenau, além de inconsistências relacionadas à revitalização de um grande parque em uma outra cidade vizinha, obra recém-entregue e que teria custado cerca de R$ 15 milhões, cujos quantitativos e medições também estariam sob questionamento.
Todos esses elementos podem integrar o material que vem sendo analisado pelo Ministério Público de Santa Catarina e pelo GAECO, dentro da Operação Carga Oca, que investiga um esquema estruturado de desvio de recursos públicos, envolvendo empresários, servidores e possíveis agentes políticos.
O Mesorregional segue acompanhando o avanço das investigações e reafirma que todos os citados têm direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme prevê a legislação e direito de se manifestarem aqui caso quiserem, porém estamos optando pela não divulgação dos nomes para que essa exposição não atrapalhem as investigações, mas lembramos que nossas matérias anteriores já divulgaram nomes envolvidos nas investigações.
Foto: Jefferson Santos / Mesorregional (Arquivo)
