EXCLUSIVO: denúncia aponta situação grave envolvendo trabalhadores de novo restaurante de shopping em Blumenau
Uma denúncia grave chegou na noite desta terça-feira (16) ao Mesorregional, de que trabalhadores advindos de outros estados e até de outro país estavam em situações deploráveis e trabalhando sem receber o salário em dia e sem registro em carteira de trabalho. A partir disso mobilizamos a Secretaria de Desenvolvimento Social que também acionou a Polícia Militar em Blumenau na manhã desta quarta-feira (17). Sete trabalhadores foram encontrados vivendo em condições precárias em uma residência no bairro Itoupavazinha, na região conhecida como “cracolândia” onde estariam alojados por uma empresa recém-instalada em um shopping da cidade.
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Segundo o secretário de Desenvolvimento Social, Rafael Burgonovo, os trabalhadores são naturais de Maceió (AL), Mato Grosso do Sul, Porto Alegre (RS) e até do Paraguai. Eles relataram que estão trabalhando há cerca de um a quatro meses sem registro em carteira, sem receber salários e sem acesso a direitos trabalhistas básicos, inclusive falta e comida.
No local, a equipe da Abordagem Social constatou condições consideradas sub-humanas. Os homens dormiam em colchões no chão, sem estrutura adequada, e relataram que estavam sem alimentos e muita sujeira. O fogão existente na casa estaria sem gás e, segundo os trabalhadores, o equipamento teria sido retirado pelo filho do dono da empresa.
Diante do cenário, os trabalhadores foram encaminhados ao Centro POP, onde receberam alimentação e serão cadastrados para atendimento social. O secretário informou ainda que o caso será formalmente denunciado ao Ministério Público do Trabalho para investigação. “Vamos fazer a denúncia para que o caso seja apurado e possamos dar um direcionamento a essas pessoas, garantindo condições mínimas de dignidade”, disse.
Um dos trabalhadores relatou que está na empresa há um mês e dois dias e que, apesar de cumprir horários e realizar corretamente as atividades, não recebeu nenhum pagamento. Segundo ele, a empresa alegava problemas bancários para justificar os atrasos. “Chega no final do mês e não recebe nada. A gente pediu as contas por falta de pagamento e, mesmo assim, não acertaram com a gente”, contou.
Ainda de acordo com os relatos, a residência funcionava como um alojamento fornecido pela empresa, sem cobrança de aluguel. No entanto, os trabalhadores afirmam que, apesar de a empresa estar em funcionamento há cerca de quatro meses, a maioria dos funcionários não possui registro em carteira. “Aqui ninguém é registrado, só um funcionário em Balneário Camboriú. O resto é tudo sem registro”, afirmou outro trabalhador.
Com toda a situação registrada pela nossa equipe de reportagem, ouvindo os trabalhadores imigrantes que afirmaram que alguns querem voltar para seus respectivos estados e que outros já possuem novo local de trabalho mas está sem dinheiro para locomoção, fomos até à churrascaria para ouvir os responsáveis e dar a oportunidade da manifestação da empresa. Assim que chegamos, o responsável do momento, identificado como Gabriel se retirou e mandou os funcionários informarem que não havia gerência naquele momento no estabelecimento.
Aguardamos por alguns minutos e logo depois da nossa chegada, uma equipe da Assistência Social do Município também foi até a churrascaria e prontamente a equipe da Assistência Social foi atendida pelo menos indivíduo, que após atender a assistência social (aparentemente já sabendo do que se tratava) veio falar com nossa equipe, mas querendo impedir qualquer tipo de imagem e com ameaças de processo.
Mesmo nós dando a ampla oportunidade de manifestação, Gabriel preferiu solicitar nossa saída do local, informando apenas que “pagaria” os trabalhadores, sem informar se todos os direitos trabalhistas será cumpridos e preferiu não responder se continuaria contratando pessoas nessa situação, no mínimo humilhante e sem cumprir as regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) .
Cabe ressaltar o pronto atendimento da Polícia Militar e principalmente da Secretaria de Assistência Social, com o próprio secretário indo no local da denúncia, averiguando a situação e prestando amplo auxílio a esses homens, que vieram de outros lugares tentar uma nova vida em Blumenau. O Mesorregional também irá procurar o Ministério Público do Trabalho para mostrar a real situação dos trabalhadores e ainda reserva o direito da empresa se manifestar, caso queira.
Confira o vídeo completo nas nossas redes sociais: https://www.instagram.com/p/DSXyUWPEaiY/
Foto: Marlos Alfonso Glatz / Mesorregional
