A Defesa Civil ou o palanque: qual a prioridade?
É de se esperar que um secretário de Estado da Defesa Civil esteja presente em uma cidade que enfrenta desafios recorrentes com enchentes, deslizamentos e outros eventos climáticos extremos. Blumenau, historicamente, tem sido uma cidade à mercê de tragédias naturais. Desde a grande enchente de 1983, que deixou milhares de desabrigados, até eventos mais recentes como as cheias de 2008 e 2023, o Município já acumulou incontáveis prejuízos e traumas. A cada novo ciclo de chuvas intensas, a cidade revive o temor do passado, evidenciando a necessidade urgente de investimentos e planejamento em Defesa Civil. No entanto, o que acontece quando essa presença se torna mais associada ao palanque do que à prevenção de desastres?

Em uma ironia digna de nota, a cidade tem recebido constantemente a visita do secretário da Defesa Civil. E é pertinente que ele esteja na cidade, uma vez que mora aqui. O fato, porém, é que ele é mais visto em cenas que não fazem parte do escopo da Defesa Civil do que em pautas relacionadas a ela. Ou seja, não se tratam de agendas voltadas à ações emergenciais ou estratégias para minimizar os impactos das chuvas. Ele tem estado por aqui para discursar, posar para fotos e garantir espaço em eventos que, muitas vezes, nada têm a ver com sua pasta.
Além disso, o caso mais emblemático ocorreu durante o Festival da Cerveja, quando o secretário, um abstêmio convicto, subiu ao palco germanicamente trajado. Uma aparição curiosa, uma vez que ali, a única chuva registrada era de produtos relacionados ao mercado cervejeiro.
O Mesorregional apurou que o padrão seguiu se repetindo em outros eventos, inclusive no último final de semana, em uma ação comunitária na região sul. Mas ele foi para falar sobre Defesa Civil, alegarão. Não! Ele foi para subir ao palanque e gravar vídeos que alimentassem suas redes sociais, como por exemplo a abertura da Páscoa em Blumenau
Ao que tudo indica, sua prioridade não está na gestão de crises ou na segurança da população, mas sim na exposição política, como acertadamente pautamos aqui ao anunciar a saída do coronel Fabiano, que comandava a pasta, em que noticiamos, “saí um técnico, entra um político”. A questão que fica é: há tempo para a Defesa Civil em sua agenda ou falta honrar o cargo que ocupa?
A presença constante na cidade poderia ser um fator positivo caso estivesse acompanhada de medidas concretas para a proteção dos cidadãos contra desastres naturais. Mas, até agora, a ênfase tem sido outra.
Afinal, o secretário está na cidade para falar sobre enchentes? Parece que não. Mas para pedir palanque, isso sim, nunca falta espaço na agenda.
Foto: Reprodução / Redes Sociais
