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Exclusivo: investigação revela como dinheiro desviado na “Operação Carga Oca” pode ter sido usado

As investigações da Operação Carga Oca, conduzidas pelo GAECO do Ministério Público de Santa Catarina, avançam para além do esquema de fraude em contratos de fornecimento de macadame e revelam como os valores desviados dos cofres públicos teriam sido utilizados pelos envolvidos. O Mesorregional tem apurado as informações e conseguiu obter detalhes de um relatório anexado ao procedimento investigativo detalha destinação pessoal e política do dinheiro obtido de forma ilícita dentro da Secretaria Municipal de Conservação e Manutenção Urbana (Seurb) de Blumenau.

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De acordo com o documento, o então secretário teria utilizado parte dos valores desviados para benefícios patrimoniais diretos. Entre eles, estaria uma possível relação com a realização de uma grande reforma em sua residência, além da aquisição de um apartamento localizado, no bairro Velha, em Blumenau, imóvel registrado em nome de um terceiro para moradia da sogra de um dos investigados. O relatório aponta ainda que veículos particulares, como um Honda, zero quilômetro, teriam sido comprados com recursos cuja origem estaria ligada ao esquema investigado. Além disso a compra de um apartamento em Itapema também pode ter ocorrido com o uso desse dinheiro.

O material também descreve que dois caminhões – comprados por empresas localizadas na região sul de Blumenau -, mão de obra e serviços pagos com dinheiro público teriam sido utilizados em benefício privado, incluindo reformas realizadas por empresas prestadoras de serviço à própria Seurb. Entre os nomes citados estão empresários ligados às empresas ligadas a amigos pessoais do ex-secretário, que, segundo o depoimento, teriam executado obras, fornecido materiais ou prestado apoio logístico fora do interesse público.

Outro ponto destacado pela investigação é o uso político dos recursos desviados. O documento menciona que valores e materiais oriundos do esquema teriam sido utilizados para financiar campanhas eleitorais, inclusive com fornecimento de material de construção, apoio financeiro e estrutura logística. O relatório cita ainda a realização de uma festa de casamento de alto padrão, ocorrida em meados de 2024, como exemplo de evento custeado com recursos cuja origem estaria ligada ao desvio.

Segundo a apuração, o esquema funcionava de forma organizada: nem todo macadame empenhado era entregue, mas as notas fiscais eram integralmente pagas, permitindo a geração de caixa ilícito. Esse dinheiro, conforme descrito no relatório, era então dividido entre empresários e agentes públicos, sendo aplicado em bens, obras particulares, pagamentos em espécie e apoio político.

A investigação também aponta que, após a nomeação de um novo secretário para a Secretaria de Gestão Governamental, houve uma tentativa de restrição e maior controle sobre as cotas de macadame, o que teria gerado insatisfação entre os envolvidos. Segundo o depoimento, o então secretário da Seurb teria reagido com críticas e tentativas de interferência, buscando manter o esquema ativo. A redução das cotas teria diminuído os repasses irregulares, levando empresários a tentar negociar diretamente com outros agentes públicos para dar continuidade ao fluxo financeiro.

O Ministério Público estima que o prejuízo causado aos cofres públicos seja de, no mínimo, R$ 3 milhões, apenas no período já analisado, entre 2022 e 2024. As investigações seguem em andamento, com análise de documentos, oitivas e possível responsabilização criminal, cível e administrativa dos envolvidos.

O Mesorregional reforça que todos os citados têm direito à ampla defesa, e que as informações apresentadas são baseadas em relatórios, depoimento e documentos oficiais integrados à investigação da Operação Carga Oca, que segue sob acompanhamento do Ministério Público de Santa Catarina. Os nomes dos envolvidos não estão sendo divulgados neste momento para não atrapalhar as investigações.

Foto: Jefferson Santos / Mesorregional

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