Irã nega bomba nuclear após ataque de Israel
Em 25 de março de 2025, a Diretora de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard, afirmou à Comissão de Inteligência do Senado que o Irã não estava construindo uma arma nuclear. Segundo Gabbard, nomeada pelo presidente Donald Trump, a Comunidade de Inteligência (CI) dos EUA avalia que o Líder Supremo Khamenei não autorizou a retomada do programa de armas nucleares, suspenso em 2003. “A CI continua monitorando de perto se Teerã decide reautorizar seu programa”, declarou.

No entanto, a posição da inteligência americana diverge da defendida pelo governo de Benjamin Netanyahu, em Israel, que alega que o Irã está próximo de desenvolver uma bomba nuclear. Essa alegação motivou um ataque israelense ao Irã, ocorrido dois meses após a declaração de Gabbard, intensificando as tensões no Oriente Médio. O Irã nega as acusações e sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos, voltados para energia e tratamentos médicos, como o enriquecimento de urânio a 20% para uso em terapias contra o câncer.
Em entrevista após a reunião do G7 no Canadá, na terça-feira (17), o presidente Trump desconsiderou o relatório de Gabbard, alinhando-se à posição israelense. “Penso que eles estavam muito perto de obter uma [bomba atômica]”, afirmou. Gabbard, por sua vez, destacou que o Irã quebrou um “tabu” ao discutir publicamente a construção de armas nucleares, o que poderia fortalecer setores favoráveis a esse desenvolvimento em Teerã. Ela também apontou que o estoque de urânio enriquecido do Irã está em níveis recordes para um país sem armas nucleares.
O ex-inspetor de armas da ONU, Scott Ritter, criticou a postura de Trump, afirmando que o presidente está ignorando os próprios serviços de inteligência dos EUA em favor da inteligência israelense. “Como americano, me ofende que uma potência estrangeira assumiu a liderança de informar o presidente dos EUA sobre questões relativas à guerra”, disse Ritter em uma rede social.
Antes do ataque israelense, Irã e EUA estavam em negociações em Omã sobre o programa nuclear iraniano. A ofensiva interrompeu a sexta rodada de diálogos, e o Irã acusou os EUA de serem cúmplices de Israel. Um dia antes do ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução criticando o Irã por não cumprir obrigações nucleares, decisão que Teerã classificou como “politicamente motivada”.
O professor de relações internacionais Robson Valdez, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), sugere que a AIEA pode estar sendo instrumentalizada. Ele destaca o contexto da guerra na Faixa de Gaza e o interesse de Netanyahu em envolver os EUA no conflito no Oriente Médio. “Há um histórico de uso da AIEA para legitimar ataques a países”, afirmou Valdez.
Essa matéria foi baseada em informações segundo o veículo de informações Agência Brasil.
Foto: Reprodução / Veículo de comunicação Agência Brasil