Prefeitura de Blumenau inicia remoção de árvores na Beira-Rio para prevenir riscos geológicos e danos à infraestrutura

A manhã desta sexta-feira (14) marca o início da supressão de árvores e vegetação arbustiva ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco (Beira-Rio), no Centro de Blumenau. A ação ocorre no trecho entre a foz do Ribeirão Garcia e a foz do Ribeirão da Velha, na margem direita do rio Itajaí-Açu, e atende às recomendações do relatório técnico nº 104/2025 da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil (SEDECI), que alerta para riscos geológicos e de instabilidade na estrutura do talude.

O trabalho, iniciado por volta das 7h30min, envolve motosserras e máquinas de remoção, com interdição parcial de faixas para segurança. Segundo o levantamento obtido com exclusividade pelo Mesorregional, árvores de grande porte cresceram entre as placas de concreto, rompendo juntas e acumulando até 3 metros de sedimentos — situação agravada pela ausência de manutenção periódica.
As imagens aéreas feitas em julho mostram raízes deslocando placas de concreto, poços de drenagem obstruídos e marcas de erosão. O documento, assinado por especialistas como geólogos e engenheiro civil, relembra inclusive o deslizamento de 2008 nas proximidades da Ponte Adolfo Konder, que danificou calçadas e grades.
O relatório técnico, elaborado pela Diretoria de Geologia, Análise e Riscos Naturais (DGEO) da SEDECI e datado de 31 de julho, atualiza um documento de 2019 e motivou a ação urgente. Durante uma vistoria intersetorial realizada em 17 de julho, envolvendo também a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) e a Secretaria de Conservação e Manutenção Urbana (SEURB), foi constatada a falta de manutenção periódica, o que permitiu o avanço da vegetação e depósitos de detritos, lama e sedimentos arenosos sobre as estruturas de proteção.
“Durante o caminhamento foi constatada a falta de manutenção periódica através de procedimentos de roçadas/limpeza ao longo do talude, propiciando o agravamento da condição”, destaca o relatório, assinado por profissionais como o geólogo Eloir Maoski, o geógrafo Gerson Lange Filho e o engenheiro civil Jerry Luiz Boos, sob a coordenação do secretário Carlos Olimpio Menestrina.
Os especialistas alertam que a vegetação arbórea exerce efeitos negativos, como “efeito alavanca”, “efeito cunha” (abertura de fraturas no solo) e sobrecarga por peso, potencializando erosão de margem (solapamento) e cavitação durante cheias. Além disso, em enchentes, as árvores poderiam obstruir o fluxo do rio ou criar vórtices (movimentos giratórios/redemoinhos), agravando erosões. O relatório compara a situação atual com a concepção original da obra, um cartão postal criado em 1973, sem árvores.

A prefeitura justifica a medida como de “utilidade pública”, amparada pela Lei Federal 12.608/2012, que prioriza ações preventivas em situações de risco, mesmo com incertezas. “.
Histórico de cheias
Blumenau já registrou 102 enchentes acima da cota de 8 metros desde a colonização, com média de uma a cada 19 meses. Só em 2023, foram seis eventos em menos de 45 dias, incluindo pico de 10,76 metros em outubro.
O relatório destaca que a vegetação arbórea sobre o talude potencializa problemas como efeito alavanca, efeito cunha, sobrecarga por peso, solapamento e cavitação durante cheias. Além disso, troncos e galhos podem obstruir o fluxo do rio ou gerar vórtices, agravando erosões.
Principais recomendações da SEDECI:
- Roçadas periódicas para evitar crescimento de árvores.
- Retirada de sedimentos, lama e detritos do talude e passeio.
- Inspeção e manutenção do sistema de drenagem.
- Reposição de placas de concreto danificadas.

Fotos: Reprodução / Relatório Técnico