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Cuba, Ciro Nogueira e O Conto do Vigário

No século XVIII, na histórica cidade de Ouro Preto, interior de Minas Gerais, um impasse envolvendo uma imagem de Nossa Senhora disputada pelas igrejas de Pilar e da Conceição despertou atenção. O vigário da igreja de Pilar propôs amarrar a imagem em um burro e soltá-lo em meio às duas igrejas para definir com quem ficaria a santa, o lado que o animal escolhesse corresponderia à paróquia vencedora. Entretanto, tratava-se de um animal domesticado e de propriedade do esperto vigário de Pilar, obviamente indo em sua direção e dando a vitória à sua Eclésia. Os fiéis que frequentavam a igreja derrotada não demoravam a tratar o ocorrido como “o conto do vigário”.

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Os vigários evoluíram, hoje ganham eleições. Ciro Nogueira, senador e presidente do PP, além de já ter chamado o presidente Bolsonaro de fascista, foi um dos maiores envolvidos no caso do mensalão petista, bem como foi um dos alvos da Operação Lava Jato, após ter sido delatado pela Odebrecht. Nada disso, porém, parece ter sido suficiente para Bolsonaro, que acabou de nomeá-lo Ministro da Casa Civil. Dada a repercussão negativa, Jair precisava urgentemente de um novo fato político que causasse influência positiva em sua popularidade, de modo a equilibrar a balança.

Conseguiu, o povo cubano está nas ruas protestando contra a ditadura castrista que mergulha o país em um abismo econômico desde 1959. A saúde de Cuba, que até pouco tempo atrás era tratada como exemplo por partidos de esquerda brasileiros, entrou em colapso e já é considerada como um dos maiores fracassos de sistema público no mundo. O povo anseia por liberdade, a esquerda jamais reconhecerá seu erro por apoiar aquela ditadura e Bolsonaro tem nesta narrativa uma grande oportunidade de crescer nas pesquisas para as eleições de 2022.

Além do trabalho em torno da possível popularidade que tende a obter apoiando os manifestantes cubanos, Bolsonaro também precisa se preocupar com o surgimento de uma coalisão de centro-direita para o pleito presidencial. Parlamentares têm ensaiado tal união nos bastidores a fim de criar uma terceira via e assumir um protagonismo longe do antagonismo de Bolsonaristas e Lulistas. Talvez seja mesmo a hora de nosso país deixar de lado as especulações nocivas de extremismos ilógicos e buscar uma opção mais alinhada com a economia global. Ou, talvez, seja apenas mais uma votação em que cairemos no conto do vigário.

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