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Federalização da FURB: uma bandeira esquerdista de um candidato bolsonarista

Após um pequeno recesso de trinta dias, a coluna está de volta com um assunto polêmico: a Federalização da FURB. O senador Jorginho Mello, pré-candidato a Governador de Santa Catarina pelo PL, partido do presidente Bolsonaro, parece estar mesmo empenhado em buscar a federalização da instituição blumenauense, usando o tema como bandeira de pré-campanha eleitoral.

A ideia, no entanto, é controversa no espectro de direção ideológica, vez que o candidato se apresenta como alternativa de direita, enquanto a federalização de instituições educacionais é pauta de esquerda.

A maioria das universidades federais brasileiras, na prática, não passam de um mero gracejo, salvo algumas poucas consideradas “modelo”. Boa parte possui estrutura em estado deplorável, professores insatisfeitos organizando greves anuais, e gestões horrendas que, na prática, se mostraram incapazes de administrar até um carrinho de cachorro-quente.

Em Blumenau, a FURB encontra-se há anos com saldo negativo. Uma sucessão de erros de gestão tornaram a universade incapaz de concorrer com conglomerados educacionais privados que se alojaram na cidade e conquistaram o público com preços melhores e maior qualidade estrutural. Se fosse uma instituição privada, a FURB já teria fechado as portas há muito tempo.

O pior é que se trata de uma instituição municipal, então todo rombo anual que se projeta na universidade acaba sendo coberto pela receita do município, que já é bastante deficitária. Mário Hildebrandt, evidentemente, se mostra favorável à única solução que, aparentemente, não decepcionaria ninguém: a federalização.

O maior medo de Mário, Jorginho e outros apoiadores é que a população reflita sobre o assunto e entenda que tal “solução” só beneficiaria a prefeitura, os atuais alunos e os atuais professores, sendo que estes dois últimos se transformarão em alunos e professores de universidades federais por um mero “golpe de caneta”, sem a necessidade de aprovação em vestibulares ou concursos públicos pertinentes a tal nível.

Tal receio de reflexão provém principalmente dos professores que lá estão, vez que uma eventual privatização (em substituição à federalização) poderia fazer com que seus salários fossem reajustados à média de mercado, isto é, ao que se paga no mundo real e não na fantasia do funcionalismo público, baixando consideravelmente as elevadas remunerações que hoje assombram os cofres da universidade e possivelmente salvando a instituição.

Federalizar a FURB não fará com que você ou seus filhos possam estudar na universidade gratuitamente sem prestar um vestibular concorrido, apenas fará com que os professores sejam melhor remunerados, a estrutura seja definitivamente abandonada (provavelmente mais do que já está) e que as más gestões da universidade não afetem mais o caixa da prefeitura. Reflita se é isso mesmo que você quer.

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