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Presença das mulheres na indústria cresce mas ainda reflete desigualdade

Por Fabiana Voltolini Vieira*

 

Nunca se falou tanto sobre empoderamento. Tanto que o termo se tornou uma das palavras mais pesquisadas nos últimos dois anos. Embora a expressão também seja usada para qualificar a visibilidade que diversas minorias conquistam, o empoderamento feminino tornou-se um tema protagonista nos noticiários, eventos, manifestações, palestras e inúmeras publicações.

Não seria para menos. Afinal, de acordo com o último Censo do IBGE, as mulheres correspondem a 51,03% da população brasileira. No país, por exemplo, já chefiam 40% dos lares, segundo dados do levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base na Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (Pnad).

No mercado de trabalho formal, a média nacional de participação das mulheres alcança 44%, quando se considera os empregos registrados no sistema de dados do Ministério do Trabalho. Podendo facilmente ultrapassar os 50% de participação quando se contabiliza as atividades informais.

Porém, a desigualdade na indústria é perceptível sem que seja feita uma rigorosa apuração estatística. Os setores industriais ainda são um território majoritariamente ocupado e dominado por homens, que também têm em geral salários mais altos.

Em 20 anos, o crescimento da força de trabalho feminina na indústria cresceu 14,3%. Sendo que a menor participação é no setor da Construção Civil (9,4%) e a maior em Alimentos e Bebidas (35,8%). No setor Automobilístico, de acordo com pesquisa do portal Automotive Business, a desigualdade se reforça pela ausência – ou quase inexistência – de mulheres em cargos de chefia e gestão, como diretorias e presidências.

Iniciativas observadas no setor de cosméticos podem representar um novo capítulo para o empoderamento feminino e uma maior coerência com o público que atendem. Há registro de que em uma indústria de grande porte o efetivo tenha chegado a 60% de funcionárias, com um quadro de liderança ocupado em 48% por mulheres.

Além da própria mobilização das trabalhadoras, que têm encontrado apoio em entidades sindicais, ainda caberá ao alto escalão dos industriários desenvolver políticas internas para que suas empresas tenham como meta a redução das desigualdades e, consequentemente, contribuir para que o machismo não seja um fantasma que assombre as jornadas de trabalho em pequenos e sutis gestos e atitudes.

Somos muitas. Somos fortes. E, principalmente, estamos comprometidas em fazer da indústria brasileira uma atividade econômica mais produtiva e mais justa com as identidades de gênero.

 

*Fabiana Voltolini Vieira é gerente comercial da filial da Vedois Tecnologia em Timbó (SC), empresa brasileira especializada no desenvolvimento de soluções em automação industrial. E sócia fundadora da Sull Automação, especialista em soluções de AIDC.

 

Foto: Ilustração / Divulgação

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