Justiça torna ex-prefeito de Gaspar réu por suposta autopromoção com recursos públicos
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) decidiu, por unanimidade, receber a denúncia apresentada pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) contra o ex-prefeito de Gaspar, Kleber Wan-Dall. Com a decisão, ele passa a ser réu em uma ação penal que apura suposta utilização de recursos públicos para autopromoção durante o mandato, entre 2018 e 2021.
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Segundo o MPSC, o então prefeito teria vinculado a campanha institucional “Avança Gaspar” à própria imagem, utilizando logotipo e slogan pessoal — “Tempo de crescer. Hora de avançar.” — em quatro ações publicitárias. A acusação sustenta que parte do material contratado, ao custo total de R$ 75.227,85, extrapolava o caráter informativo e promovia de forma indevida o gestor, com exposição considerada “excessiva e desnecessária” em vídeos e peças de comunicação.
De acordo com a denúncia, os atos caracterizariam crime de responsabilidade previsto no art. 1º, inciso II, do Decreto-Lei 201/67, combinado com o art. 69 do Código Penal. A pena para esse tipo de crime pode variar de dois a 12 anos de reclusão, além de possível perda do cargo (se ainda exercido), inabilitação por cinco anos para funções públicas e reparação de danos ao patrimônio público.
Ex-prefeito nega autopromoção e critica denúncia
Procurado, o ex-prefeito Kleber Wan-Dall afirmou que a denúncia não condiz com a realidade e que buscará comprovar sua inocência no decorrer do processo. Ele argumenta que o conteúdo questionado faz parte da prática comum de gestores públicos em suas redes pessoais.
“O que eu fiz com relação às minhas redes sociais é o que todo prefeito, governador, presidente, deputados e vereadores fazem: utilizar sua rede pessoal para falar das ações, dos projetos e do andamento do mandato”, disse.
Wan-Dall afirma que a denúncia teve origem em um vereador da oposição, que levou o caso ao Ministério Público, e que os quatro vídeos anexados ao processo — dois institucionais e dois publicados em sua rede pessoal — não configuram autopromoção irregular.
“Os vídeos institucionais não têm meu nome, minha imagem ou qualquer referência pessoal. Eu sempre tive esse cuidado. Já os vídeos da minha rede, naturalmente apareço falando das ações do governo, como qualquer gestor faz”, afirmou.
O ex-prefeito também destacou que contratou uma agência particular para administrar suas redes pessoais, reforçando que nunca utilizou os canais oficiais da prefeitura para promover sua imagem. “Temos argumentos e provas para mostrar que não houve autopromoção nem prejuízo ao município. Vamos apresentar nossa defesa e esclarecer todos os pontos”, completou.
A ação penal seguirá agora para instrução e julgamento no Tribunal de Justiça.
Foto: Fecam
