Operação do GAECO: Saiba quem são alguns dos investigados da operação “Carga Oca.”
A Operação Carga Oca, deflagrada pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (26), resultou na apreensão de grandes quantias em dinheiro, em prisão em flagrante por porte ilegal de arma, na visita de investigadores a órgãos públicos e na determinação de afastamentos de servidores da Prefeitura de Blumenau. O valor total apreendido hoje (26) se aproxima de meio milhão de reais.
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O Mesorregional acompanha a operação desde as 6h30min, trazendo informações apuradas com exclusividade e em primeira mão. Cabe destacar que a investigação é decorrente à possíveis irregularidades registradas na gestão passada.
Segundo as investigações, foram encontrados 54 mil dólares na residência de um dos empresários investigados. Na mesma ação, foram apreendidos ainda R$ 80 mil em espécie com integrantes do núcleo empresarial alvo da operação. Um dos homens que estava no local foi preso em flagrante após apontar e disparar uma espingarda contra policiais que haviam se identificado. A arma encontrada não possui registro regular, o que acabou resultando na prisão em flagrante do sogro de um dos empresários investigados, durante buscas em Gaspar.
Além disso, a força-tarefa encontrou R$ 12 mil na residência do ex-secretário da SEURB, Ricardo da Silva, que ocupou a pasta até fevereiro de 2024, depois migrando para a Secretaria de Trânsito e Transporte, posteriormente, sendo exonerado em junho do mesmo ano.
Também foram cumpridos mandados na casa de Luciano Muller, ex-diretor da SEURB, e nas sedes das empresas CeleIro e Engefox, além das residências de seus respectivos proprietários.
O Ministério Público de Santa Catarina, através dos serviços coordenados pelo promotor Marcionei Mendes recomendou, ainda, o afastamento temporário por 180 dias de dois servidores ligados à área investigada: Isac Cardoso, que seria ocupante de um cargo comissionado indicado por um vereador da bancada evangélica da Câmara de Vereadores, e Leandro Reinert, servidor concursado.
Esquema teria operado entre 2022 e 2024
A operação mira supostas irregularidades em contratos da Secretaria Municipal de Conservação e Manutenção Urbana (SEURB) entre 2022 e 2024. Um dos fatos mais graves apontados pelos investigadores diz respeito ao registro de 57 cargas de macadame supostamente realizadas em um único sábado, todas atribuídas a apenas um caminhão caçamba — o que foi considerado tecnicamente impossível.
As diligências também apontaram que o veículo registrado como responsável pelas cargas teria saído de Blumenau apenas para uma viagem a Pomerode, evidenciando a impossibilidade de cumprimento do serviço declarado.
Outro ponto que chamou atenção da investigação foi a constatação de que fiscais envolvidos no esquema — suspeitos de facilitar registros de cargas inexistentes — recebiam churrascos como forma de “gratificação”.
As primeiras estimativas da equipe apontam que o esquema pode ter causado prejuízo superior a R$ 3 milhões aos cofres públicos. Os investigados podem ser processados pelos crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro.
Ex-prefeito Mário Hildebrandt se manifesta
Procurado, o ex-prefeito Mário Hildebrandt (PL) afirmou, em nota, que durante sua gestão determinou a contratação de auditoria externa ao identificar possíveis indícios de superfaturamento. Segundo ele, o relatório final foi entregue ao Ministério Público em 2024, contribuindo para o avanço das apurações.
A operação segue em andamento, e novos desdobramentos podem ocorrer nas próximas horas.
Confira a nota de Mário Hildebrandt na íntegra:
“A gestão anterior da Prefeitura de Blumenau, através do ex-prefeito Mário Hildebrandt, informa que soube da operação deflagrada pela Gaeco na manhã desta quarta-feira, dia 26, e recebeu com serenidade a notícia. Ainda no primeiro semestre de 2024, quando do surgimento das primeiras evidências, sindicâncias internas foram abertas pela Procuradoria Geral do Município que identificaram os indícios de irregularidades e deram base para a contratação da auditoria externa, em apoio a Controladoria Geral do Município. Na ocasião, a gestão seguindo orientação da Controlaria Geral, também implementou o programa de integridade e aplicação de novos controles, buscando combater ocorrências desse mesmo perfil.
O relatório com o resultado das apurações na auditoria contratada foi pessoalmente entregue pelo ex-prefeito ao Ministério Público ainda em 2024 e utilizado na investigação. Quando da entrega pessoalmente dos documentos, o então Prefeito solicitou a apuração dos fatos pela justiça.
A operação da Gaeco e do MP é resultado também da auditoria externa contratada, quando surgiram as suspeitas de ilegalidades cometidas dentro da então Secretaria de Manutenção e Conservação Urbana.
A gestão anterior reforça que está completamente à disposição da justiça se necessário for, para auxiliar nas investigações.”
Manifestação oficial da Prefeitura
A gestão atual afirmou que os contratos já foram suspensos e que está “colaborando com transparência e fornecendo todas as informações necessárias para o avanço das investigações. A atual gestão, inclusive, já disponibilizou à Polícia Civil relatórios internos produzidos neste ano”
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