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Prolongamento da Humberto de Campos foi solução entregue antes do tempo?

Por Marcia Pontes, colunista do Notícias Vale do Itajaí:

 

Uma coisa seja dita e reconhecida: a obra do prolongamento da Humberto de Campos era uma das mais esperadas e será um paliativo importante durante algum tempo para os deslocamentos dos motoristas até que recomecem as reclamações. Afinal, mesmo tem tempos de vacas magras na economia são cerca de 400 novos condutores se habilitando a cada mês e outros 350 veículos incorporando mensalmente a frota. Isso só em Blumenau. Não existe solução definitiva para a mobilidade urbana. Se a obra estivesse toda pronta seria uma maravilha, pois quem trafega pelo sentido Bairro/Centro já sairia direto na rua 7 de Setembro como está previsto no projeto. Do jeito que foi entregue e aberta à circulação, de uma forma ou de outra, a rua João Pessoa é trajeto obrigatório. Os técnicos estão em cima, avaliando a mobilidade, a fluidez e o comportamento dos motoristas nesse período importante de readaptação.

Mas, uma das postagens mais comentadas após a abertura do prolongamento da João Pessoa para o tráfego é a de uma faixa de pedestres pintada pela metade e que termina no meio fio não rebaixado de um canteiro divisor de pistas bem no trecho do cruzamento com a Marechal Deodoro.

A população está com jeito de que aprovou a obra, muitos não perderam a chance de questionar e até de dar uma zoada básica pelas redes sociais. Mas, o blumenauense é um povo bem humorado e criativo mesmo. A falha na sinalização é evidente e temporária, com certeza, conforme afirmam os técnicos da prefeitura. Torçam para que não haja colisões e nem atropelamentos no local.

Uma das internautas questionou em sua postagem no Facebook: “essa faixa é para o pedestre atravessar até o meio da rua e voltar?”

Logo veio a resposta de outra internauta: “Não, é para chegar até o canteiro, fazer pique nique e sentar no meio fio.”

Os técnicos da prefeitura responsáveis pela sinalização sabem disso e prometem que, mais tardar, em cerca de 15 dias os rebaixamentos do meio fio na obra nova e na General Osório estarão concluídos. Na verdade, todo o cruzamento naquele local é provisório, visto que o outro trecho da Humberto de Campos deve ficar pronto e finalizar o projeto dentro de cerca de três meses.

Eis a explicação dos técnicos da prefeitura responsáveis pela sinalização com quem conversei: no local onde está a bendita (essa foi por minha conta) faixa de pedestres pela metade que termina em um canteiro não rebaixado bem na curva entre a Humberto de Campos e a Marechal Deodoro, pelo projeto original, terá uma ilha com piso de concreto e gramado nas bordas que vai criar uma área de segurança para que os pedestres aguardem o melhor momento para a concluir a travessia até o outro lado da via. Mas, isso só quando a obra estiver concluída.

Eles garantem que do jeito que está não vai ficar, mas não daria para fazer a continuidade da faixa de travessia, pois tanto o pedestre que está vindo da Marechal Deodoro quanto o condutor que entra no prolongamento não tem visibilidade. O risco à segurança de pedestres e de motoristas seria maior ainda. Trata-se de um cruzamento provisório, visto que o outro trecho da Humberto de Campos previsto no projeto para que o cruzamento esteja concluído conforme a proposta original só ficará pronto em cerca de 3 meses.

Na segunda-feira (10) já tinha sido feito o rebaixamento de meio fio em dois pontos e a ordem é rebaixar tudo o mais rápido possível. A previsão é de que, mais tardar, em 10 dias todas as guias estejam rebaixadas, bem como os canteiros da rua General Osório. Para os técnicos da prefeitura com quem conversei o fato de o cruzamento ser provisório não inviabiliza a abertura à circulação de veículos e pedestres. Basta que eles tenham mais cuidado e fiquem mais atentos, principalmente por se tratar de um período de readaptação para todos. Com o novo trajeto muda o percurso, a sinalização e também o modo como fazíamos as coisas antes.

 

Pista reversível deixa de existir na rua João Pessoa

A João Pessoa vai voltar a ser como era antes, só com duas pistas de tráfego: uma para quem vai no sentido Bairro/Centro e outra no sentido Centro/Bairro. Nesse período de readaptação para os usuários do trânsito, já que as alterações mexeram também com o sentido de circulação dos veículos e o modo de caminhar das pessoas, a ideia é incentivar os condutores, principalmente, a trafegarem pelo prolongamento da Humberto de Campos.

Na noite de segunda-feira, por volta das 19h, já ocorreu o que era esperado: congestionamento nas pistas novas durante a noite para quem vinha do sentido Bairro/Centro. Pela manhã a situação era o contrário: não tinha congestionamento no prolongamento da Humberto de Campos, mas tinha na João Pessoa, que desde esta terça (11) não tem mais a pista reversível entre 6h40 e 8h30. A ideia é que é maior parte do tráfego siga pelo prolongamento da Humberto de Campos para facilitar a vida dos motoristas em direção ao Centro, principalmente para quem vem da Velha Central, Passo Manso, Salto Weissbach e Água Verde.

Agentes de trânsito estão posicionados no cruzamento da rua João Pessoa com a General Osório e no trecho entre General Osório e Humberto de Campos para incentivar os motoristas a fazerem esse percurso. Com isso se espera que alivie o tráfego por um bom trecho da João Pessoa e dê mais fluidez. Na verdade, só depois que a obra ficar pronta por completo é que a dinâmica do tráfego vai funcionar, pois os veículos terão acesso direto à rua 7 de Setembro. Por enquanto, de uma forma ou de outra, quem usar o prolongamento da Humberto de Campos vai, obrigatoriamente, sair na João Pessoa.

 

Tráfego aberto aos ônibus só depois da Oktober

Quem não gostou muito foram os usuários do transporte coletivo. O projeto é bacana, quando estiver 100% concluído vai melhorar muita coisa, e nos 2km do prolongamento da Humberto de Campos  já foram instalados 8 abrigos de ônibus – 4 em cada sentido, em corredor exclusivo para os ônibus nos dois lados da pista. Mas, só serão ativados depois da Oktoberfest. A justificativa é de que é necessário aguardar um período de adaptação do trânsito para depois disponibilizar a nova linha que vai ligar os terminais Proeb e Velha.

E na sua opinião, a obra foi entregue à população antes do tempo certo, com sinalização incompleta, inacabada? Por qual razão? Veio a calhar com o aniversário da cidade? Com as eleições? Houve pressa? Dava para esperar e entregar a obra 100% concluída?  Isso não vai impactar a fluidez do tráfego mesmo que todo o trânsito se afunile na João Pessoa?

É fato que não se chega nem perto da situação como a da ponte de Gaspar, que foi entregue à população sem o mínimo de sinalização e que depois teve de ser interditada por um tempo, mas, considerando toda a proposta do projeto e aquele cruzamento provisório com uma faixa de pedestres pela metade, não custa lembrar o art. 88 do CTB:

  • Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a realização de obras ou de manutenção, enquanto não estiver devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de forma a garantir as condições adequadas de segurança na circulação.

Mas, também não vejo problemas caso as guias sejam devidamente rebaixadas e a questão daquela faixa pela metade seja resolvida, mesmo sendo um cruzamento provisório até que em 3 meses a obra esteja realmente 100% concluída. Até porque – cala-te boca – se ocorrer alguma infração de trânsito, colisão ou atropelamento ali naquele local que parece ser o único em que a sinalização está confusa ou incompleta em função do que já foi explicado, certamente, caberá aos envolvidos evocar o que diz o art. 90 do CTB:

Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização quando esta for insuficiente ou incorreta.

  • 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.

Com o devido respeito à decisão de entregar a obra em duas partes e aos técnicos responsáveis pela sinalização em quem eu confio, acredito e apenas cumprem ordens, finalizo reforçando os pedidos de cuidados por parte de todos. Na torcida para que São Pedro ajude e tudo esteja concluído bem rápido.

 

Márcia Pontes
Especialista em Trânsito

Representante do Maio Amarelo em Santa Catarina

 

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