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Desde quando violência é amor?

Confira mais um artigo da jornalista empreendedora e colunista do Mesorregional, Liliane Bento, que com maestria trás sempre opinião, análises e revelações:

Segundo uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com números de 2023, 43% da população brasileira feminina afirma já ter vivido algum tipo de violência, seja verbal, psicológica ou física, por parte do parceiro romântico. Esse dado é preocupante, visto que é formado por 27,6 milhões de mulheres, de todas as idades, cor, credo ou situação econômica.

Infelizmente, o alerta só acende quando ocorre a violência física. Mas, esse é o último estágio de um caminho bem longo, que, às vezes, começa com a elevação da voz uma ou outra vez. Conforme o tempo vai passando, outros comportamentos, que indicam violência, vão sendo evidenciados. No entanto, normalmente, a paixão tolda a visão da mulher envolvida. E, por mais avisos que receba de amigos e familiares, ela defende o parceiro. Muitas vezes, justificam o comportamento do companheiro dizendo que ele é nervoso, que teve um dia ruim, que ele não é assim, que está com ciúmes, e por aí vai. Ou seja, a mulher se ilude.

Boa parte dessas mulheres realmente não acredita que o companheiro chegue a vias de fato. Até que um dia acontece. E, algumas, ainda assim, perdoam porque o companheiro promete mudar. Primeiro vem um tapa, depois pode vir um espancamento ou até a morte.  O assunto está sempre na pauta do dia. Mas, o recente episódio com a apresentadora Ana Hickmann colocou o assunto em evidência.

Ouvi de muitas pessoas, inclusive de mulheres, como que ela, linda, rica, empreendedora e glamourosa, foi agredida pelo marido?  Não há um padrão. Qualquer mulher pode ser vítima de violência. Vídeos na internet mostram que ela tomou coragem de denunciar agora, mas que já havia desrespeito há muito tempo. Quando estamos falando de uma mulher que mora na comunidade, normalmente dizem que ela tem dependência econômica e por isso apanha calada. Mas e a rica? Por que ela apanha?

No fundo, seja pobre ou rica, bonita ou feia, jovem ou madura, culta ou não, todas são mulheres que, em algum momento, acreditaram nos seus parceiros, se iludiram e, principalmente, têm dependência emocional desse relacionamento. E a dependência emocional é muito mais difícil de curar do que a econômica. Mulheres, leiam com atenção: controle não é amor, ciúmes não é amor, manipulação não é amor, ameaça não é amor, tapa na cara não é amor, humilhação não é amor.  Segundo o dicionário, amor é o sentimento que predispõe a desejar o bem de alguém. Para mim, amor é quando o outro te faz tão bem, ao ponto de você se tornar uma pessoa melhor, porque ele/ela desperta o que você tem de melhor.

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