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Dinheiro Público nas campanhas a prefeito de Blumenau

12 candidatos a prefeito, 9 usaram dinheiro público, 3 não usaram e 1 falou em campanha que não estava usando, mas apareceu um valor do fundão na prestação. Alguém mentiu? Quem recebeu mais? Qual voto nos custou mais caro? Saiba agora!

Há uma certa dicotomia sobre a utilização de dinheiro público em campanhas eleitorais, porém gastar com o impossível não faz o menor sentido. Entretanto, mesmo em casos onde as pesquisas indicavam uma derrota arrasadora, os candidatos pareciam não se importar e seguiram desperdiçando cada centavo do dinheiro público que receberam. Quem pagou por isso foi você!

O montante que é distribuído entre os partidos políticos no período eleitoral sai de nosso bolso em uma espécie de “roubo legal”, onde o Estado, à mão armada, lhe impõe determinado valor a pagar sob ameaça de penas de multa e até prisão.

Na última campanha eleitoral em Blumenau, tivemos um total de 12 candidatos, sendo que pelo menos seis não possuíam qualquer chance de vitória e certamente tinham plena noção disso, mesmo assim fizeram questão de concorrer, boa parte usando verbas do tal “fundão”.

O candidato a prefeito menos votado, Wanderlei Laureth, do Avante, recebeu R$ 35.000,00 de dinheiro público e gastou cada centavo, fazendo 264 votos, perfazendo uma média de R$ 132,58 em dinheiro público para cada voto. Sua votação foi sete vezes menor que a do vereador eleito menos votado na cidade.

Dr. Mario Kato, do Partido Comunista do Brasil, recebeu menos: foram R$ 26.705,88 de fundo partidário repassados a Kato, que também gastou todo o valor para fazer 1.071 votos, uma média de R$ 24,93 por voto. Kato fez sessenta e três vezes menos votos que o primeiro colocado. É uma amostra grátis de Comunismo na prática.

Seguindo, tivemos Débora Arenhart, do Cidadania, quarta menos votada dentre os pleiteantes à majoritária, que recebeu um total de R$ 156.000,00 em dinheiro público, tendo como resultado 1.310 votos, ou seja, em média R$ 119,08 por voto.

Entretanto, há de se mencionar que Débora parece ter sido mais contida ao gastar, tendo declarado, até o momento, despesas de apenas R$ 68.331,00, valor bem inferior ao montante recebido, e parte de seus gastos foi para compartilhar a “ajuda estatal” recebida em sua campanha com quinze vereadores de sua legenda, através de doações oficiais.

Georgia Faust, do PSOL, demonstrou na prática um pouco do Socialismo para nossa sociedade. Recebeu R$ 68.376,23 em dinheiro público para fazer 2.960 votos e para isso gastou cada centavo como se não houvesse amanhã (média de R$ 23,10 por voto).

A candidata me fez lembrar das quatro formas de gastar dinheiro, descritas por Milton Friedman. Ela até já havia tentado se eleger para deputada estadual por duas vezes, sendo a última em 2018 quando fez apenas 3.424 votos, sempre usando boas somas de dinheiro público em suas campanhas.

Nesta última Georgia gastou até com Eder Lima, ex-presidente do PT de Blumenau, que lhe prestou serviços de “Coordenação de Campanha”, recebendo para isso R$ 3.000,00.

João Natel, do PDT, que é médico e já foi reitor da FURB, recebeu R$ 250.000,00 de dinheiro público para fazer 4.497 votos (média de R$ 55,59 por voto) e até o momento já declarou despesas de R$ 183.505,00.

Ivan Naatz, do Partido Liberal, mostrou que seu lado “liberal” fica só no nome da sigla ao receber nada menos que R$ 400.000,00 em dinheiro público para fazer uma campanha que resultou em 7.227 votos (média de R$ 55,35 por voto), menos da metade da votação que fez em 2018, quando virou deputado estadual.

Ana Paula Lima, do PT foi além: a quinta colocada no pleito recebeu dinheiro público repassado não só pelo Diretório Estadual, como também pelo Diretório Nacional do PT, recebendo um montante total de R$ 458.850,00 em verba pública para alcançar 8.359 votos, que correspondem a pouco mais de 5% dos votos válidos (média de R$ 54,89 por voto). Acredito que nem seus eleitores realmente achavam que Ana teria alguma chance de eleição.

Ricardo Alba, do PSL, que antes de ser político frequentava manifestações de rua cuja pauta pedia o fim do Fundo Eleitoral, agora parece ter abraçado esta velha prática repugnante da política. Pegou R$ 90.000,00 de dinheiro público do Fundão e gastou tudo para fazer 17.487 votos.

Dos males o menor, a média por voto de Alba foi de R$ 5,15, entretanto gastos como o de R$ 10.000,00 com Augusto José Wanderlinde, servidor da ALESC lotado no gabinete de sua colega de partido, Ana Caroline Campagnolo, para serviço de Assessoria Jurídica, chamam a atenção.

Mário Hildebrandt, que havia declarado em entrevista exclusiva ao Mesorregional (pergunta feita aos 28 minutos de vídeo) que não estava utilizando recursos públicos em sua campanha, parece ter mentido. Na verdade ele recebeu um total de R$ 9.400,00 em Fundo Partidário do Diretório Municipal do Partido Solidariedade, que em seus 68.222 votos acabaram significando uma inexpressiva média de R$ 0,14 por voto.

EDIT: A assessoria do candidato Mário Hildebrandt entrou em contato com o Mesorregional e informou que o lançamento em questão foi um erro contábil, que será corrigido em revisão posterior. Reiterou que não utilizou qualquer valor oriundo de Fundo Partidário ou Especial (dinheiro público).

Os outros 3 candidatos, que não aparecem nesta lista, não utilizaram fundo eleitoral. São eles:

João Paulo Kleinubing, do DEM, que optou por não utilizar e usou como bandeira de campanha, provavelmente para tentar angariar o tal do “voto útil” de eleitores do candidato do Novo;

Odair Tramontin, do NOVO, por ser filosofia e uma das principais bandeiras políticas do próprio partido; e

Jairo dos Santos, do PRTB, que mesmo que quisesse não poderia usar, pois seu partido renunciou ao fundo eleitoral em todo o Brasil meses antes das eleições.

Fato é que, tanto Hildebrandt, quanto os outros dois candidatos mais votados para prefeito na cidade, declararam publicamente em suas campanhas que não usariam Fundo Eleitoral e foram recompensados com o voto dos blumenauenses.

EDIT: A assessoria de Mário Hildebrandt frisou que conforme dito pelo prefeito eleito, não foi utilizado dinheiro público em sua campanha eleitoral de 2020.

Estes candidatos, somados aos votos de Jairo dos Santos, receberam um total de 73,08 % dos votos válidos, gerando uma “chicotada psicológica”, como diriam os amigos lusitanos, em políticos adeptos da velha prática de utilização do “fundão” na cidade.

Quem usou dinheiro público não ganhou nem dos votos nulos e brancos, que juntos somaram 10,96% dos votos. O total recebido em dinheiro público pelos candidatos a prefeito foi de R$ 1.494,332,11.

Esperamos que os candidatos tenham aprendido a lição. Em Blumenau, se você quiser se candidatar para algo com chances de vitória, terá que bancar sua campanha sozinho ou buscar dinheiro privado! O blumenauense já está cansado de pagar campanhas políticas.

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Atualizado em 11/12/2020 às 19:28h.

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