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Moisés: uma raposa-do-ártico na corrida eleitoral

Conhecida na ciência pela nomenclatura de “Vulpes lagopus”, a raposa-do-ártico é um pequeno mamífero nativo do hemisfério norte, bastante comum no bioma da tundra ártica. Naturalmente de pelagem marrom ou acinzentada, quando o clima esfria ela muda a cor de sua pelagem para uma coloração branca brilhante, que lhe permite camuflar-se na neve e assim esconder-se de possíveis ataques, além de caçar suas presas com maior facilidade.

Raposa-do-ártico camuflada. Foto: Jonathen Pie.

É o que planeja fazer o atual Governador Moisés nestas eleições. Sua estratégia consiste em não declarar apoio a qualquer dos candidatos a presidente. O motivo principal é uma pesquisa interna restrita (não pública) feita por seu partido, que apurou que o eleitorado de Moisés é batante dividido entre eleitores de Lula e eleitores de Bolsonaro.

A raposa-do-ártico é um dos animais mais oportunistas do Reino Animal. A carne putrefata, aquela que já se encontra em estado de decomposição porque outros animais se alimentaram dela e abandonaram os restos, é uma parte importante da dieta deste mamífero, principalmente no inverno, quando ela costuma seguir ursos polares em suas caças, a fim de aventurarem-se nos restos de focas, por vezes até levando a xepa até sua toca para consumi-la por toda a estação.

O bombeiro militar aposentado que nos governa colecionou narizes tortos logo que pisou na “Casa d’Agronômica”, como é chamado o palacete onde reside o Governador do Estado de Santa Catarina. Trata-se de uma mansão de arquitetura híbrida, predominantemente luso-brasileira, mas acrescida de características do estilo colonial espanhol, com uma área total de 5 hectares, um jardim que abriga espécies de figueira, pau-brasil, pinus, eucalipto e coqueiros, revestida de um airoso gramado esverdeado e cercada por muros de pedra bruta, fincado entre as avenidas Rui Barbosa e Beira-mar Norte, em um dos pontos mais nobres da capital catarinense. Um luxo, além dos muitos outros que os gastos do palácio têm comportado, como banquetes regados a lagosta e champanhes caros, sobre os quais a população catarinense não é mais informada oficialmente desde 2017, quando um decreto passou a manter os gastos da residência oficial sob sigilo. Em 2021 era para isso ter mudado, mas Moisés vetou a emenda à LDO que previa o retorno da divulgação das contas de sua mansão.

O problema maior é que, durante a campanha eleitoral, crente em uma derrota iminente e sem muita expectativa de vitória por não saber que seria também carregado pela “Onda Bolsonarista”, Moisés prometeu fazer uma gestão “sem excessos e sem luxos” e, segundo seu então colega de partido, o deputado estadual eleito Jessé Lopes, a ideia que tinham para a Casa d’Agronômica era transformá-la em um museu, sem moradia, o que parece ter mudado após a eleição.

É certo que o atual governador teve muitos acertos, como ter enfrentado grupos de interesse antigos tal qual o dos despachantes, quando deu celeridade e simplicidade a processos até então desnecessariamente complexos, a exemplo da renovação do licenciamento anual do veículo, entretanto pecou em vários outros pontos gravíssimos, como quando autorizou um pagamento de R$ 33 milhões para compra de respiradores de uma “Casa de Massagens” ou mesmo pelo amor pleno que insiste em demonstrar ao “cartão corporativo”. Qual será o futuro do candidato à reeleição? Continuará sendo uma raposa-do-ártico e se aproveitará da carniça alheia, ou será que finalmente teremos um gestor mais maduro e evoluído em Santa Catarina?

Sou Thiago Schulze, colunista de política no Mesorregional e você pode me seguir no Instagram em @thiago.schulze ou enviar sugestões para o e-mail politica@mesorregional.com.br. E ainda, se quiser ser avisado sobre novas publicações em primeira mão, clique aqui e entre no Grupo de Whatsapp, é grátis!

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