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Perda e Luto

Artigo de Josiane Rodrigues, colunista do Mesorregional:

Ao falarmos sobre a morte, não temos como deixar de mencionar sobre a vida e seu sentido. Morte e luto como parte do processo da nossa existência, dentre as várias formas de como é tratada desde a Antiguidade e diferentemente representada por várias culturas e crenças.  

Falar Sobre a morte remete a uma realidade muitas vezes negada, temida, trazida por muitos de nós tão cautelosamente e que ultimamente viemos a presenciá-la de modo geral e explicitada diante um vírus que acometeu o mundo.

A perda que chega de repente, escapa à compreensão e aflora a vulnerabilidade e que muitas vezes pode trazer perda dos sentidos e do sentido de viver a quem permanece.

Despedir-se de alguém com quem se convive ou de uma pessoa querida, se diferencia em seu aspecto, pela gravidade e de como ocorreu.

Uma situação em que alguém se encontra pela própria idade já acometida, pelos traços da condição física com a saúde mais fragilizada versus uma partida de quem recém chegou. Finitudes abruptas, inesperadas que favorecem alterações e repercussões mais delicadas e podem colocar em risco a saúde mental, trazendo os mais variados questionamentos e conflitos interiores; reações comportamentais, fisiológicas e psicoemocionais, que denotam o retrato da natural fragilidade humana diante a dor.

Vivenciar o luto não é algo padronizado. É inevitável e necessário.

O espaço para tal período precisa ser aberto e considerado em sua total importância a cada pessoa que o vive de modo singular, em seu próprio mundo. Eis o tempo para que se compreenda sobre os ciclos de chegar e partir, a tentativa de reerguer-se e reconsiderar-se.

Como suportar o vazio da perda, lidar com o que foi interrompido e seguir adiante? Como sustentar as certezas que abandonam e a saudade que permanece?

Desafios que testam frente ao tempo. A travessia única de cada ser e cada qual com sua dimensão. A vida continua…sim. Porém, reflitamos então sobre a sensibilidade e a possibilidade de uma elaboração desacelerada e o cuidado.

A médica suíça Elisabeth Kubler-Ross, trouxe descobertas sobre seu trabalho e estudos, concepções e experiências sobre a finitude, luto e os cinco estágios deste processo como: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Estágios estes que se diferenciam de uma pessoa para a outra, que não necessariamente ocorrem na mesma ordem a todas.

Bromberg nos fala sobre o luto como tentativa de uma nova adaptação que movimenta em cada ser humano aspectos físicos, intelectuais, emocionais, espirituais. Reações vivenciadas como fundamentais diante a perda significativa, como possibilidade à reorganização da vida.

Minimizar o sofrimento emocional, enfatizando o respeito ao ritmo da pessoa enlutada, se faz imprescindível no caminho de uma readaptação. Elaborar a perda favorece afastar a desesperança, a perfeição e possibilitar redescobrir sentido.  

O tempo dará indícios sobre o luto considerado normal e o luto complicado ou patológico; nesse caso consideram-se a cognição e rotina diária, incluindo habilidades funcionais prejudicadas durante um longo período após a perda. Grupos de apoio e auxílio profissional, consistem em utilizar recursos que se encontram disponíveis no momento de cada pessoa, colaborando para que as emoções sejam expressadas naturalmente, sem receios ou reservas, sem a necessidade de manter-se forte o tempo inteiro.

Assim haver, a compreensão da vulnerabilidade em seus mais variados aspectos diante papéis que mudam e a assimilação que acontece aos poucos. O apoio da família, a companhia de amigos para a divisão de momentos, podem resultar em conforto.

Compreende-se que durante o processo surgem dificuldades e entende-se que o aprendizado, o autoconhecimento atrelado a coragem, a própria fé e a permissividade são pontos muito importantes na busca de lidar com a finitude.

O novo ciclo, a força embutida no encerrar… para então… recomeçar.

Ao próprio tempo… Um abraço e até.

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