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Política Velha

Em seu artigo de hoje no Notícias Vale do Itajaí, o colunista Ramon Aguiar Benedett fala sobre o a arte de fazer política e mais uma vez ressalta a importância do cidadão conhecer e lutar pelas causas de onde vive, fazendo seu parecer sobre a discussão da construção de uma nova ponte no Centro de Blumenau:

 

Fazer política é a arte de convencer pessoas. É saber o que elas querem e como satisfazê-las. É ouvir, aprender, mudar. Planejar, gerir, equilibrar e humanizar. É também, segundo o dicionário, “esperteza, finura e maquiavelismo”, ou seja, nossos políticos fazem jus ao título.

Dias atrás, enquanto conversava com um amigo, ele me soltou: “cara, quanto mais pontes na cidade melhor”. Perguntei, então, se ele sabia um pouco sobre o projeto da nova ponte, ele simplesmente respondeu que “ainda não”. Coincidentemente, por aqueles dias, nosso prefeito havia declarado que faria não apenas uma, mas duas pontes no centro de Blumenau, distando poucos metros entre elas.

Acompanhando um pouco mais perto a política local, começo a entender como a “coisa” funciona. Nossos políticos falam o que o povo quer ouvir. Aproveitam-se da ‘ignorância” advinda de nosso comodismo. Assim como meu amigo, engenheiro por sinal, eu arriscaria dizer que 90% da cidade não conhece o que está sendo licitado. Nosso prefeito, sabendo de nossa sede por mobilidade, nos ilude, sem dados, sem estudos, com discursos vazios e sorridentes.

Não é difícil perceber que a viabilidade técnica e financeira para a construção de duas pontes é totalmente inconsistente. Mesmo que estivéssemos em uma fase de bonança financeira, a ponte imposta pouco nos serviria. Não precisamos de uma ponte ligando um engarrafamento a outro.

A ordem da prefeitura é clara, não dar ouvidos ao movimento contrário à ponte. Ninguém toca no assunto, mídia e vereadores inclusive. Entidades de classe pouco se pronunciam, com exceção do Instituto de Arquitetos do Brasil, que possui inclusive uma petição online em andamento com mais de 2500 assinaturas (https://www.change.org/p/ponte-no-lugar-certo) contrárias à construção da ponte.

O movimento contrário, que começou capitaneado por alguns projetos de extensão da FURB, teve os professores envolvidos imediatamente convocados para uma reunião após o lançamento da petição. Ordens “superiores” solicitaram que esses adequassem o seu posicionamento, ocasionando inclusive na exclusão de diversos posts da página Bela Blumenau, que representa o movimento no Facebook. Enquanto o movimento político é forte e coordenado, os contrários parecem gritar ao vento. Felizmente só parecem.  

Queremos uma cidade planejada e pensada para o futuro, com estudos e projetos adequados ou uma cidade decidida no calor das eleições, no auge das promessas eleitoreiras ineficazes?

 

Ramon Aguiar Benedett

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