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Resíduos da Construção Civil: os custos do desperdício

Confira a coluna de Daniel Funchal, Engenheiro Civil e professor universitário que escreve quinzenalmente ao Notícias Vale do Itajaí:

 

Prosseguindo nossa conversa sobre os Resíduos da Construção Civil, onde no artigo anterior falamos em como reduzir o impacto ambiental (leia aqui), vamos agora abordar a questão dos custos do desperdício.

Um estudo desenvolvido pelo ITQC (Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção Civil), com 16 universidades em mais de 100 canteiros de obras em 12 estados, apurou que 1 m² de construção demanda 1 tonelada de materiais, onde em média 27% deste peso é gasto a mais que o necessário, ou seja, 270 quilos por m² construído viram entulhos. É como se a cada 3 prédios construídos, um virasse entulho.

Dificilmente alguém consideraria como normal, por exemplo, comprar 3kg de feijão no mercado e ao chegar em casa jogar 1kg na lixeira. Na obra a perda não acontece assim tão diretamente, sendo esse o grande problema. O desperdício acontece em pequenas quantidades em todas as etapas ao longo de todo processo, resultando em grandes proporções muito difíceis de serem mapeadas e por isso acaba-se tendo a falsa avaliação que o desperdício em obra “é assim mesmo”.

Em obra o desperdício é comumente chamado de entulho, sendo dividido em dois tipos: o entulho que sai e o entulho que fica.

Foto: Reprodução

 

O entulho que sai é aquele que vemos nas caçambas coletoras, que dão origem aos Resíduos da Construção Civil. É relativamente fácil de ser medido e ter seu custo aferido. O engano é tratar o conteúdo da caçamba como lixo, sem valor. Na verdade nada do que está ali foi adquirido como lixo e sim como insumo necessário a obra. Assim, por exemplo, além de pagar em média R$ 220,00/m³ de argamassa de revestimento, tem-se o custo adicional de aproximadamente R$ 20,00/m³ para devida coleta e destinação do seu entulho. Como a perda média é de 27%, a argamassa na verdade custou R$ 225,40/m³. É assim que o custo da obra estoura qualquer orçamento.

Mas e aqueles resíduos que podem ser reaproveitados, até vendidos, como o aço? Verdade. É uma forma de tornar só muito ruim o que é horrível. Visto que comprar algo por R$ 2,30/kg e vender por R$ 0,15/kg não é exatamente um bom negócio. Mais uma maneira eficiente de “rasgar dinheiro”.

Mas tudo isso pode ser quantificado, já o entulho que fica… Aquele referente a espessura da argamassa na parede, que deveria ter 2cm e ficou com 5cm. Aquela tubulação que deveria seguir o projeto e gastar 10m de tubo, que para desviar da estrutura (não compatibilizada com o projeto hidrossanitário) deu mais voltas e gastou 12m. E por aí vai… Esse desperdício é muito mais difícil quantificar.

O combate mais eficiente a estes desperdícios, reduzindo os custos não previstos e também gerando menor impacto ambiental é, como falado no artigo anterior, a redução da geração do entulho. E isto é feito com gestão profissional da obra, planejamento e logística de canteiro, projetos eficientes, desenvolvidos e compatibilizados por profissionais habilitados e qualificados, uso de técnicas construtivas e equipamentos adequados à obra e ao local onde está inserida.

Adotando estas medidas, seu bolso e o meio ambiente agradecem.

 

Daniel Funchal

Engenheiro Civil & Professor Universitário

 

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