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A insensibilidade do Estado com a segurança pública em Blumenau só aumenta

Nos últimos anos Blumenau sofreu com algumas situações atípicas com relação a fatos violentos. Em março 2019, houve o maior roubo da história de Santa Catarina, com assalto arquitetado por uma quadrilha que agiu contra equipes de uma transportadora de valores. Meses depois um outro grande crime, realizado por outra quadrilha, que invadiu em plena luz do dia uma agência bancária no bairro Itoupava Central.

Agora, em 2023, o ataque mais covarde do Brasil em uma creche também foi registrado. Homens e mulheres da Polícia Civil e da Polícia Militar, por sua vez, fizeram um trabalho de excelência, com reforço da presença policial em frente ás unidades escolares e até mesmo impedindo que outras ideias maldosas pudessem ser executadas, através de um serviço de inteligência e prevenção.

Comandados pelos delegados Ronnie Reis Esteves e Rodrigo Raitz, policiais civis da Divisão de Investigação Criminal de Blumenau, concluíram no prazo recorde de 10 dias, o Inquérito Policial, que elucidou crime do ataque ao CEI Cantinho Bom Pastor, com detalhes imprescindíveis, que resultaram na acusação do autor por quatro homicídios triplamente qualificados e outras cinco tentativas de homicídio triplamente qualificadas, pelo Ministério Público de Santa Catarina.

Mas, se de um lado a polícia vem fazendo o seu papel de casa, o comando da política estadual mais uma vez fica de costas para a cidade. É explícito de que de 2019 nada de efetivo foi proposto para melhorar a segurança de fato, além de promessas, como a de reforço de efetivo, que não foi realizada. Agora, a situação parece ainda pior, o Estado está negando receber o que ganhou e o que já estava até empenhado.

Estamos falando da doação de um terreno, feito pelo Município Blumenau ao Governo do Estado para construção de um Complexo Policial Regional, a ser edificado às margens Via Expressa Paul Kuehnrich, no bairro Fortaleza. Doação recusada pelo delegado-geral, Ulisses Gabriel.

Imagem: Reprodução / PC

O Mesorregional entrou em contato com a assessoria direta do delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, que em nota enviou informando que “o orçamento da Polícia Civil de SC é de R$ 79 milhões para manter 405 prédios, 2 helicópteros que atendem também a saúde pública, cerca de 2 mil viaturas e quase 4 mil colaboradores, entre policiais, estagiários e contratos.”

Ainda sobre os investimentos a nota diz que em 2023 “os recursos ordinários para custeio consomem quase a totalidade desse valor, sobrando cerca de R$ 500 mil reais para investimento, inclusive para projetos educacionais e tecnológicos para evitar crimes como o da creche Cantinho do Bom Pastor.”

Sobre o terreno doado pela Prefeitura de Blumenau e rejeitado pelo delegado-geral, ele afirma que “a prefeitura impôs como encargo, para doação do terreno, que fosse previsto no orçamento o gasto de R$ 10,5 milhões, o que é impossível matematicamente e afronta a LOA” e que dessa forma ”seria inviável” e “difíceis de se realizar em apenas 4 meses de gestão” e ainda reconhece que  “o prédio da 1º DP de Blumenau está com sérios problemas” e “…que precisa, ao longo desde governo, ser resolvido.”

Sobre a retirada do investimento para construção da carceragem da CPP o delegado-geral afirmou que a “Polícia Civil está em tratativas para que a CPP de Blumenau tenha a estrutura de carceragem necessária…” mas que a locação prédio não cela. Dessa forma para a Delegacia-Geral, “um orçamento que chegou a R$ 280 mil é desproporcional para cela. Temos que respeitar o dinheiro do povo e gastar com respeito á lei.”

Na resposta ao Mesorregional, ainda há dizeres que “a Delegacia-Geral está buscando é resolver o problema de forma mais barata e eficiente, com responsabilidade na aplicação dos recursos públicos. Com menos recursos é possível fazer uma estrutura de celas (3 e não 4). Além disso, como o preso fica pouco tempo, não precisa de área de banho. Objetivo é fazer algo simples e eficiente para deixar os criminosos presos.”

Vale lembrar, que hoje pessoas detidas e entregues à CPP estão ficando em um container – servindo como uma cela improvisada -, emprestado por um cidadão da cidade, que está precisando do equipamento. Além disso a situação dos presos nessas condições é acompanhada de perto pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Conselho Nacional de Justiça.

O que diz a Prefeitura de Blumenau

Após o recebimento da negativa da doação do terreno, fato publicitado em primeira mão pelo jornalista Alexandre Gonçalves do Informe Blumenau, a Prefeitura de Blumenau emitiu uma Nota Oficial, diretamente do Gabinete do Prefeito Mário Hildebrandt, que diz tratar da situação com “surpresa” a devolução do imóvel e que assim que tomou ciência da situação, enviou um ofício ao governador Jorginho Mello (PL), se a decisão será revertida.

“Vale ressaltar que a devolução do terreno deve partir do Governo do Estado e não da Delegacia-Geral. Lembrando que o pedido de um terreno partiu da 3ª Delegacia Regional de Blumenau, em 6 de dezembro de 2021, tendo em vista “que o Estado de Santa Catarina não possui terreno na cidade de Blumenau para que o referido complexo policial possa ser edificado”” diz a Nota enviada à imprensa.

“À época, o município de Blumenau empreendeu todos os esforços necessários para a consecução dos interesses da Polícia Civil que, na verdade, representa o interesse público. No mesmo momento, identificamos um imóvel que atende a demanda da Polícia Civil e, com isso, encaminhamos à Procuradoria-Geral do Município a elaboração de Projeto de Lei para autorizar a doação do terreno para o Estado.” diz a Nota.

O que falta para o Vale do Itajaí, sobra no Sul de SC, reduto eleitoral do delegado-geral

O delegado-geral de Santa Catarina é natural do Sul do Estado. Nasceu em Turvo e por essa região já participou de eleições, como em 2018, quando ficou na suplência de deputados estaduais do PSD / PP / PSC e chegou a assumir na Assembleia Legislativa por 90, na vaga de Milton Hobus. Nas eleições de 2020, concorreu á Prefeitura de Orleans, mas não foi eleito, ficando como o segundo mais votado. Em 2021 ele se desfiliou do PSD.

A demonstração desse breve histórico político, se faz necessário para demonstrar a atenção do delegado-geral com a sua região. Afinal de contas, ele está cortando verbas da segurança pública por aqui, mas parece sobrar no Sul. Em Araranguá, há um mês foi entregue a nova sede da Delegacia Regional de Polícia, CIRETRAN e DIC. Em Forquilhinha, na mesma região, foi dado reinício no começo de abril a obras da nova delegacia.

Ainda no se tratando do Sul de Santa Catarina, Ulisses Gabriel anunciou, através das suas redes sociais, reforço efetivo para Criciúma e toda a região.

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