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A sociedade carece de uma nova masculinidade

Artigo de Josiane Rodrigues, colunista do Mesorregional:

Há um mês em nossa cidade nos deparamos com uma fatalidade em Blumenau. Uma jovem mulher morta por seu ex-companheiro diante o término de relacionamento.

O autor do crime, alegou ter matado por amor. Mais um caso que instiga, preocupa e alerta não somente o nosso município, como também toda a sociedade. Recentemente em duas cidades de nosso estado, foram registrados mais casos, os quais mulheres perderam suas vidas por autoria de ex-companheiros.

A Organização Mundial da Saúde, traz um crescente número de assassinatos de mulheres no Brasil. Ao falarmos de feminicídio, lembra-se da Lei 13.104/ 2015 que considera maior gravidade aos assassinatos cometidos por homens contra suas companheiras, sejam elas atuais, passadas ou ocasionais relações.

A violência conjugal, entre relações afetivas ou ocasionais, deixou de ser uma situação que pertencia somente a esfera da intimidade do casal e passou a ser uma questão de saúde pública, de assistência social e de justiça. Um fenômeno socialmente reconhecido.

A compreensão dos papéis que se estabelecem pelos homens e pelas mulheres em seus relacionamentos e como os dois agem atuando na manutenção do comportamento violento em sua relação, merece ser enfatizada.  Há muitas dimensões em que os fenômenos relacionais podem ser compreendidos, uma vez que se precisa considerar uma variedade de elementos que constituem os padrões relacionais.

Ao abordarmos sobre o ocorrido e entre outros casos que infelizmente acontecem em nosso pais e pelo mundo, nos remete aos autores da violência em seus perfis, desde uma possível psicopatologia sem traços anteriores aparentes ou que pudessem sinalizar periculosidade, sem casos de denúncias ou crime anterior ao cometido, perpassando aos casos que compõem violência prévia (antecedentes), a casos que diante ao abandono ou término de relacionamento ou situações de ciúme, o parceiro reage de forma imprevisível.

Acerca de um quadro que infelizmente vem aumentando, nos colocamos a refletir sobre a base do comportamento que levaria os autores a cometer tais crimes, bem como a partir de uma perspectiva histórica acerca de excedentes cometidos contra as mulheres durante muito tempo.

Alguns valores atrelados a sentimentos negativos, o déficit estrutural ou baixa sustentação frente a certos contextos que implicam a dinâmica, são marcos que diante algumas vivências na relação, ficam expostos quando se depara com autores de violência e homicídio.

Ciúme e dominação ao visualizar a mulher como propriedade. Sinal da violência cíclica que vem se alterando com o passar do tempo. O cuidado com o próprio ser completo e incompleto inexistentes, concluído em atrocidade.

O processo de desconstrução de posturas e padrões comportamentais enraizados é um grande passo para o recomeço de uma nova versão.

A sociedade tem urgência na construção de uma nova masculinidade, diante uma série de estereótipos que se arrastam (ainda) por décadas e que se caracterizam por masculinidade tóxica.

A masculinidade não é o problema, mas as representações existentes acerca dela.

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