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Covid-19 em Blumenau: gerente médica do Hospital Santo Antônio fala sobre a falta de medicamento e profissionais

Na manhã desta terça-feira (14), a doutora Karine Becker, gerente médica do Hospital Santo Antônio concedeu uma entrevista à Rádio Menina, no programa Bote a Boca no Trombone, para falar sobre a situação da capacidade e insumos dos hospitais de Blumenau. A médica demonstrou preocupação a respeito da falta de medicamentos e de equipe para atender pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no HSA.

De acordo com ela, os 15 leitos de UTI com os quais o hospital já contava para o tratamento do coronavírus estão 100% ocupados e, agora, com a chegada de novos respiradores, serão abertos novos dez novos leitos ainda nesta semana. No entanto, a doutora Karine chama ressalta que a chegada dos novos ventiladores por si só não resolve a situação devido à falta da medicação necessária, pois mesmo com os ventiladores, os pacientes podem vir a sofrer lesões pulmonares sem a medicação. Além disso, a falta de profissionais qualificados para atender em UTI também é um problema e, diante disso, os profissionais que atuam no atendimento aos casos graves de coronavírus acabam sendo sobrecarregados. Conforme ela explica, antes havia um enfermeiro ou técnico em enfermagem para cada dois pacientes. Hoje, é um profissional para cinco ou seis pacientes. “A gente não tem opção, a gente precisa cuidar dessas pessoas e o que falta mesmo é equipe e medicação“, ressalta.

Ela explica que estão sendo usados métodos alternativos de sedação nos pacientes pois o bloqueador neuromuscular necessário está em falta no mercado. Trata-se de uma medicação utilizada para paralisar a musculatura do paciente para que o aparelho ventile 100% sozinho, sem interferência da muscultarura do paciente na respiração. “O tratamento da doença é esperar o pulmão melhorar com o mínimo de lesão pra ele. Eu não posso prejudicar mais ainda um pulmão que já está doente por conta de não conseguir paralisar a musculatura, sedar adequadamente um paciente. Então, às vezes, quando sedamos um paciente dentro da UTI, o objetivo é justamente deixar que o aparelho ventile por ele com pressões seguras pra que esse pulmão cicatrize, melhore e depois ele possa assumir a respiração novamente“, explica. A médica conta que essa medicação de extrema importância não está disponível no mercado e que, embora haja uma reserva no Hospital Santo Antônio sendo economizada, logo faltará. Caso o consumo continue alto, o hospital pode ficar sem o medicamento nos próximos três ou quatro dias.

Como o HSA é um hospital particular e filantrópico, a compra do medicamento é feita pelo próprio hospital. Entretanto, devido a indisponibilidade desse produto para compra, o hospital pediu ajuda do Governo do Estado, que prometeu mais uma compra da medicação mas ainda não a cumpriu. Para a médica, a cura para o coronavírus é o tratamento adequado de UTI, o que inclui ventiladores, espaço físico, equipe e medicamentos.

A gente tá vendo os leitos encherem, o nosso consumo tá aumentando, o que a gente imaginava que ia durar ainda três ou quatro dias vai acabar e as pessoas estão por aí, saindo como se nada estivesse acontecendo. A gente sente que as medidas de restrição poderiam, sim, ser mais duras. Parece que ninguém está enxergando essa realidade que a gente está vivendo dentro do hospital e a gente está muito preocupado com os dias que virão pela frente. A gente não vai suportar isso. O Sistema de Saúde de Blumenau não está aguentando […]. Os nosso colegas trabalham em vários hospitais, a situação não é só no Hospital Santo Antônio, é nos três hospitais da cidade


Doutora Karine Becker, gerente médica do Hospital Santo Antônio


Os útimos números divulgados pela Prefeitura de Blumenau informam que 81% dos leitos de UTI para Covid-19 de Blumenau estão ocupados. No HSA, todos os 15 leitos destinados ao tratamentos da doença estão ocupados e outros leitos, que não são para a Covid-19 mas que acabaram sobrando por conta da suspensão de cirurfgias, estão sendo ocupados por pacientes da doença. Os novos dez leitos devem ser abertos até esta quarta-feira (15), de acordo com a doutora Karine, no entanto, ela também ressalta que, se o ritmo continuar como está, esses leitos devem estar lotados em breve. “E tem que lembrar que os leitos de UTI não são de Blumenau, isso é da regulação estadual, então a gente abriu esses leitos no hospital Santo Antônio só que isso serve ao estado. Então se houver necessidade, e a gente sabe que o litoral […] também está com falta de leitos, esses leitos podem ser utilizados, sim, pra pacientes de outros municípios“, enfatiza.

O hospital se preocupa, ainda, com pacientes de outras doenças que precisam de isolamento e precisam de outro local pra ficar. Por conta disso, alguns leitos não podem ser usados para que o distanciamento seja mantido. A doutora ressaltou que, neste momento, é necessário tomar ainda mais cuidado no trânsito para que não ocorram acidentes que possam levar pacientes em estado grave ao hospital. “Então a gente tem que cuidar, tem que ter blitz, não pode sair gente bêbada dirigindo carro e correndo o risco de se acidentar“, finaliza.

Há vagas abertas para profissionais da saúde no Hospital Santo Antônio, portanto, interessados devem procurar mais informações no site do hospital.


Foto: Divulgação / HSA

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