ColunistasDestaques

Ser honesto custa caro!

Confira a coluna de Ramon Aguiar Benedett, que escreve quinzenalmente ao Notícias Vale do Itajaí e que neste artigo fala sobre o comportamento referente a honestidade. Confira:

 

Júlia chamou uma marmoraria para orçar o granito de sua nova cozinha. Recebeu duas cotações, uma com emissão de nota fiscal e outra sem nota fiscal. Pedro era apaixonado por futebol. Mesmo tendo condições financeiras, achava muito caro o pacote da TV por assinatura que lhe oferecia todos os canais esportivos que ele tanto gostava. Estava agora frente a frente com o técnico da TV a cabo lhe oferecendo um “gato” por um pagamento modesto e que não aumentaria sua mensalidade.

Júlia e Pedro eram críticos ferrenhos da corrupção política que maltrata nosso país há anos. Foram às ruas defendendo a moralização dos poderes. Afirmavam com convicção que o problema do Brasil eram os políticos. Aqueles que, mesmo quando municipais, parecem estar tão longe da nossa realidade.

Evandro era um médico dedicado. Apaixonado pela profissão. Percebeu que poderia ganhar um extra convencendo seus pacientes, mesmo que não precisassem muito, a fazer um exame rápido que sua clínica oferecia. Já Roberto tinha uma gráfica internacional, exímio profissional, 100% do faturamento legalizado com emissão de nota fiscal. Recebeu um pedido muito carinhoso de um amigo, acabou abrindo uma exceção e produziu alguns milhares de materiais promocionais para uma campanha política sem nota fiscal.

A mente humana, quando não possui os princípios morais profundamente enraizados e não está devidamente treinada, fica à mercê de pensamentos enganosos. Pensamentos que podem ter feito Julia pensar que o errado era só o marmoreiro que não emitiria a nota fiscal e a fazer o Pedro argumentar que corrupto seria o técnico da TV a cabo.  O médico Evandro se “perdoava” pensando que estava apenas compensando o baixíssimo valor que os planos de saúde lhe pagavam e, por fim, o empresário Roberto enganava sua consciência justificando que, se não produzisse o material gráfico, outra gráfica o faria.

Ser honesto em um país que lhe testa a todo momento não é tarefa fácil. Não é tarefa fácil e nem barata. É preciso uma integridade muito bem formada e fortalecida. É preciso saber que ser honesto tem um preço. Entretanto, é preciso também que minha honestidade não tenha preço. E o preço da minha honestidade é o preço que eu preciso pagar para ter o país que eu sempre sonhei. Somente quando a grande maioria estiver disposta a pagar esse preço é que nosso país chegará aonde desejamos.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Conteúdo Protegido !!